quarta-feira, dezembro 01, 2004

"Legos Desmontados"


N' "A Família em Rede", Papert faz grande referência ao Lego como um importante brinquedo, que estimula a criatividade, a inteligência e uma enorme quantidade de funções motoras e cognitivas. Embora seja um fervoroso adepto das novas tecnologias, nunca substima a importância de jogos lúdico-manuais. No entanto, parece que a sociedade de hoje, o faz.

Um artigo da revista "Visão" de 25 de Novembro de 2004, vem com o nome "Legos Desmontados", falando de como "o presente mais popular do século XX não sobreviveu à era da electrónica".
"O Lego sempre foi um exemplo de brinquedo educativo e, ao mesmo tempo, divertido" que "corre, agora, o risco de se tornar, literalmente, numa peça de museu". As vendas globais deste gigante dos brinquedos caiu 30% nos últimos dois anos e os jogos electrónicos parecem ser os grandes culpados.

É impressionante o que se pode fazer com Legos - as possibilidades de combinação das peças contidas em cada kit são de 100 milhões. Eu que faço parte da geração das crianças e jovens que utilizavam os Legos nas suas brincadeiras, não consigo imaginar como será a infância sem estas pecinhas. Eu passava tanto tempo a brincar, a construir e a inventar..!

Mas parece que os jogos electrónicos vieram para ficar e para tirar o lugar aos jogos tradiconais. Talvez as crianças de hoje desenvolvam mais cedo a sua coordenação motora e sejam alfabetizadas mais cedo, do que as de gerações anteriores; deste modo as crianças de 8 anos "abandonam o Lego, porque o brinquedo já não satisfaz".

Embora a Lego tenha já tomado algumas providências, como o "desenvolvimento de várias linhas de novos produtos", responsáveis por um aumento nas suas vendas, a recuperação não parece fácil.

Será que se anuncia um futuro sem este famoso brinquedo?
Ou melhor, será que se anuncia um futuro sem brinquedos tradicionais, em que os jogos electrónicos tomarão conta das brincadeiras e construções das crianças?

Artigo de BARELLA, José E. (2004), Legos Desmontados, "Visão", nº. 612, pp. 150